
Quando Adson Batista, presidente do Atlético-GO, admitiu publicamente que conseguiu mudar a arbitragem da partida decisiva contra o Athletico-PR, a situação ganhou contornos de disputa de poder dentro da Série B.
A partida foi disputada no domingo, 5 de outubro de 2025, às 20h30, no Estádio Antônio Accioly, válida pela 30ª rodada do Campeonato Brasileiro Série B.
Contexto da Série B
Com 31 rodadas já jogadas, o Furacão (Athletico-PR) ocupava a 4ª posição, somando 48 pontos e brigando por uma das vagas de acesso. Já o Dragão (Atlético-GO) estava em 10º, com 42 pontos, ainda à espera de um impulso para entrar no grupo dos quatro primeiros. A diferença de apenas seis pontos torna cada partida crucial, e a margem de erro diminui a cada rodada.
Historicamente, a Série B tem sido marcada por polêmicas sobre a escolha de árbitros quando clubes de regiões diferentes se enfrentam. O critério oficial é evitar que o árbitro seja natural da federação que representa um dos times, mas, na prática, ainda há "gray zones" que alimentam dúvidas.
troca de árbitro: como aconteceu
Inicialmente, a arbitragem ficou a cargo de Gustavo Ervino Bauermann, árbitro da Federação de Santa Catarina, nascido em Francisco Beltrão, Paraná – a mesma federação que fornece oficiais ao Athletico-PR. Na tarde de 3 de outubro, o Atlético-GO publicou um comunicado nas redes sociais questionando a indicação, alegando “perplexidade” e possível parcialidade.
O clube retirou a nota poucas horas depois, mas a insatisfação já estava estampada. Em seguida, André Pitta, presidente da Federação Goiana de Futebol, entrou em contato direto com a CBF. Segundo Batista, a conversa também contou com a “sensibilidade” do presidente da CBF, Samir Xaud, e com apoio do membro da Comissão de Arbitragem, Rodrigo Cintra.
Após a pressão, a CBF retirou Bauermann da partida e escalou Raphael Claus, árbitro da Federação Paulista e reconhecido pela FIFA, para conduzir o jogo. A escolha foi justificada como “necessária para garantir a credibilidade da competição”.
Reações dos envolvidos
Adson Batista usou seu perfil oficial no X (antigo Twitter) para agradecer a mudança: “Agradeço ao presidente Samir Xaud pela sensibilidade e por valorizar a credibilidade do nosso futebol, mostrando que sob sua liderança estamos no caminho certo”.
Samir Xaud respondeu em entrevista coletiva pouco depois, afirmando que a CBF sempre busca “assegurar a imparcialidade dos árbitros, principalmente em momentos decisivos”. Ele evitou detalhar os bastidores da decisão, mas reconheceu que “o diálogo com as federações é fundamental”.
Rodrigo Cintra, citado como parte do “processo de sensibilidade”, declarou que a mudança foi “uma resposta rápida a uma solicitação bem fundamentada”. O árbitro substituto, Raphael Claus, não fez comentários, mas destacou em redes que está “pronto para conduzir o jogo com o máximo de profissionalismo”.
Impactos no campeonato
Para o Atlético-GO, a presença de um árbitro com experiência internacional reduz a preocupação de interferências de decisões controversas. Já para o Athletico-PR, a troca pode ser vista como desfavorável, já que perderam a “facilidade” de ter um árbitro da mesma federação.
Analistas da ESPN Brasil apontam que a mudança pode influenciar diretamente o resultado da partida, considerando que decisões de pênaltis e cartões ainda são fatores determinantes em confrontos apertados. No entanto, até o fim da partida, nenhum incidente significativo foi registrado, e o placar terminou 1 a 1, mantendo a diferença de pontos entre os dois clubes.
O episódio reacendeu o debate sobre a necessidade de criar um comitê independente para designação de árbitros, afastado de pressões políticas dos clubes.
Próximos passos e lições
Com nove rodadas restantes, Atlético-GO precisará de mais vitórias para alcançar a zona de classificação. A confiança gerada pela troca de árbitro pode ser um fator psicológico positivo, mas o time ainda tem deficiências defensivas que precisam ser corrigidas.
Para a CBF, o caso serve de alerta: a transparência nos processos de nomeação de árbitros deve ser reforçada. Propostas já estão circulando no Congresso Nacional do Futebol, incluindo a criação de um painel de especialistas independentes que publique, em tempo real, os critérios de escolha.
Enquanto isso, torcedores de ambos os lados permanecem atentos. O Dragão agradece a vitória parcial na disputa política, mas ainda busca o “gol da classificação”. O Furacão, por sua vez, vai analisar como contornar possíveis influências externas nas próximas partidas.
Conclusão
O caso ilustra como a combinação de pressão institucional e canais de comunicação dentro das federações pode alterar decisões que, em teoria, deveriam ser neutras. Mais do que uma simples troca de nomes, trata‑se de uma lição sobre a importância da percepção de justiça no futebol brasileiro.
Perguntas Frequentes
Por que o Atlético‑GO reclamou do árbitro Gustavo Bauermann?
O clube alegou que, apesar de ser árbitro da Federação de Santa Catarina, Bauermann nasceu em Francisco Beltrão, Paraná – a mesma federação que fornece oficiais ao Athletico‑PR. Essa suposta ligação regional poderia gerar dúvidas sobre a imparcialidade na partida decisiva.
Quem autorizou a troca para Raphael Claus?
A decisão foi tomada pela CBF após pressão de André Pitta, presidente da Federação Goiana de Futebol, e com a “sensibilidade” apontada por Samir Xaud, presidente da CBF, juntamente com o apoio de Rodrigo Cintra, membro da Comissão de Arbitragem.
Qual foi o resultado da partida após a troca?
O jogo terminou em 1 a 1, mantendo a diferença de pontos entre os dois clubes – Athletico‑PR com 48 pontos e Atlético‑GO com 42 – e mantendo o Furacão na disputa pelas vagas de acesso.
A troca de árbitro pode influenciar o título da Série B?
Embora a partida não tenha tido decisões controversas marcantes, a percepção de justiça pode afetar o moral das equipes nas últimas rodadas. Uma arbitragem considerada neutra ajuda a evitar reclamações que desviam o foco dos clubes.
Quais mudanças a CBF está considerando após o caso?
Estudos no Congresso Nacional do Futebol apontam para a criação de um comitê independente de arbitragem, com divulgação pública dos critérios de escolha, para reduzir a influência de clubes e federações nas nomeações.
1 Comentários
A mudança de arbitragem demonstra a efetividade das interações institucionais quando bem conduzidas, refletindo a necessidade de garantir a imparcialidade no campeonato. Agradeço à CBF pela sensibilidade demonstrada. :)