
Quando a bomba estoura de que Solange está grávida de gêmeos — e o pai é Afonso, marido de Maria de Fátima —, a trama de Vale Tudo empurra sua vilã para um nível ainda mais sombrio. Convencida por Celina de que o marido era estéril, Maria de Fátima se vê traída em dois flancos: no casamento e no projeto de poder que ela costura com frieza dentro do clã TCA.
O que vem depois é a reação típica dela: velocidade e crueldade. Ao confirmar a gravidez de Solange, Fátima decide que esses bebês precisam sair do jogo, porque ameaçam a herança do filho que ela própria espera. A rival não é qualquer uma: Solange, diretora criativa da agência Tomorrow, tem acesso à família, circula nos mesmos ambientes e carrega dois herdeiros biológicos de Afonso.
Como a descoberta virou guerra
O estopim foi um detalhe técnico que derruba todo o castelo de cartas levantado por Celina. Duvidando do discurso da sogra de que Afonso não poderia ter filhos, Maria de Fátima suborna um funcionário de laboratório e descobre que o exame exibido a ela era forjado. O resultado real desmonta a farsa e abre caminho para a pior conclusão possível para ela: se Afonso é fértil, então os gêmeos de Solange são legítimos concorrentes na linha de sucessão do império TCA.
Com a confirmação em mãos, a vilã traça um plano. Primeiro, tenta cooptar César, o modelo com quem mantém uma relação ambígua. Ele dá um “não” firme, se recusa a cruzar a linha da violência e corta qualquer participação em um atentado contra a gravidez de Solange. Sem apoio, Fátima decide agir sozinha e escolhe o momento em que César distrai Solange e Sardinha na Tomorrow para invadir a casa da rival. A ideia é adulterar a rotina de medicamentos dela e provocar um aborto espontâneo — um movimento frio, calculado e sem testemunhas.
Esse impulso para o abismo não surgiu do nada. Quando acreditou que Afonso era estéril, Maria de Fátima tentou perder o próprio bebê ao se jogar de uma escada. Não deu certo, e a família inteira acabou sabendo da gravidez. O episódio, além de escancarar o desespero dela, também dá pistas do que está por vir: se ela foi capaz de fazer isso consigo, o que não faria com a mulher que carrega dois herdeiros do marido?
Há ainda um detalhe genético que pesa sobre a mente de Fátima: a família de Afonso tem histórico de gêmeos. Ela teme que seu teste positivo possa indicar uma gestação múltipla também — o que, na cabeça dela, complica a conta do poder e do espólio. Com a entrada de Solange nessa equação, a disputa patrimonial, que já era tensa, ganha contornos de guerra total.
- Celina apresenta a Fátima um exame falso sugerindo que Afonso é estéril.
- Fátima suborna um funcionário de laboratório e prova a fraude.
- Solange confirma a gestação de gêmeos de Afonso.
- César recusa participar de qualquer violência.
- Fátima arma invasão ao apartamento de Solange para mexer nos remédios e induzir a perda dos bebês.

O que está em jogo no império TCA
No tabuleiro da TCA, todo filho biológico de Afonso vira peça estratégica. Gêmeos significam dois herdeiros com o mesmo grau de prioridade — um cenário que bagunça alianças, acordos silenciosos e o futuro do comando. Para Fátima, que enxerga tudo em termos de acesso e controle, isso é uma catástrofe: menos espaço de manobra, mais rivais no cofre e, pior, filhos concebidos fora de casa, mas com legitimidade.
É por isso que essa gravidez abre frentes por toda parte. Na ala familiar, Celina perde a blindagem que tentava oferecer ao filho ao sustentar a mentira da esterilidade. A relação entre sogra e nora entra em curto: a mentira explodiu e colocou Fátima em modo destrutivo. Em outro ponto, Eugênio aparece como o homem que tenta segurar danos quando Fátima passa do ponto — ele já chegou a detê-la em uma das armações, mas, como se vê, nada contém seu impulso quando se trata de poder.
Do lado de fora, a corporação observa. O escândalo doméstico de uma família que controla fortunas não cai apenas no grupo de WhatsApp: respinga em reputação, contratos e confiança do mercado. Enquanto isso, há rachaduras paralelas: Ivan é preso por corrupção ativa, um baque que coloca holofotes indesejados sobre os negócios. A soma de crises — uma criminal, outra moral e íntima — vira um campo minado para quem precisa liderar e não apenas apagar incêndios.
Solange, por sua vez, está no olho do furacão. Além de liderar a Tomorrow, ela carrega uma gestação de risco por causa da pressão externa. Sardinha, parceiro de trabalho, vira peça importante ao dar suporte em momentos-chave, inclusive na distração involuntária que permite a invasão planejada por Fátima. É a prova de como a vida profissional e a tempestade pessoal se cruzam e criam brechas perigosas.
O comportamento de Fátima também redesenha sua relação com César. A recusa dele em participar do plano não é só um “não” ético; é um divisor de águas. Ele se distancia de qualquer conivência com violência, enquanto ela dobra a aposta no jogo solo, sem testemunhas e sem escrúpulos. O risco aumenta: quanto menos cúmplices, mais exposta ela fica ao erro e à descoberta.
Na dramaturgia, esse arco aciona um gatilho clássico: quando a vilã confunde maternidade com moeda de troca, a história deixa de ser um melodrama doméstico e vira uma disputa existencial. Não é só sobre quem fica com o anel da família, mas sobre até onde alguém vai para ter um nome na plaquinha da presidência. O público deve sentir o peso disso capítulo a capítulo, especialmente quando os segredos começarem a sair do controle e cada personagem for obrigado a escolher um lado.
Nesse clima, o próximo movimento é decisivo: a verdade sobre o exame falso ameaça derrubar Celina, Afonso precisará encarar as consequências de sua noite fora de casa, e Solange terá que proteger a gravidez sob pressão máxima. Maria de Fátima, como sempre, não recua — e, quando ela acelera, a história muda de marcha junto com ela.