A Campanha AACD Teleton 2025 encerrou com um recorde inesperado: R$ 37,24 milhões arrecadados em 27 horas de transmissão ao vivo dos estúdios do SBT em São Paulo. A maratona, realizada nos dias 7 e 8 de novembro, não só bateu a meta de R$ 35 milhões, como celebrou com emoção os 75 anos da Associação de Assistência à Criança Deficiente — uma instituição que, desde 1950, transforma vidas com reabilitação, tecnologia e, acima de tudo, solidariedade. O que começou como resposta à epidemia de poliomielite se tornou um dos maiores movimentos de inclusão social do país. E, desta vez, o Brasil mostrou que ainda acredita no poder do gesto simples: doar.
Um Teleton que não foi só arrecadação, mas homenagem
A edição de 2025 foi diferente. Não era só sobre números. Era sobre memória. A cada hora de programa, histórias de pacientes como Estela Botaro, de 10 anos; Diogo Lima, de 38; e Ponciano Santana, de 77, ecoavam nos telões. Cada um representava uma geração. Uma criança que nasceu com deficiência e hoje anda com órteses personalizadas por impressão 3D. Um homem que perdeu a mobilidade após um acidente e voltou a caminhar graças à reabilitação da AACD. E um idoso que, aos 77, ainda luta por dignidade — e que, segundo a equipe da instituição, é um dos milhares que vivem sem acesso a cuidados adequados em regiões remotas.Os padrinhos da campanha — Celso Portiolli, o cantor Daniel, Eliana, Maisa e a influenciadora Virginia Fonseca — não apenas apresentaram. Ajudaram a contar histórias. Com lágrimas, risos, abraços. Mais de 80 artistas e influenciadores se revezaram em frente às câmeras, transformando o palco num espaço de empatia. A direção, conduzida por Marcelo Kestenbaum, evitou o exagero da dramaticidade. Optou pela autenticidade. E funcionou.
Doações que viram próteses, cadeiras e esperança
A AACD não esconde o que faz com o dinheiro. Segundo Silvia Alves Paz, superintendente de Marketing e Relações Institucionais, os R$ 36,1 milhões do Teleton 2024 resultaram em 300 mil atendimentos. Este ano, com a arrecadação ligeiramente maior — entre R$ 37.242.302 e R$ 37.245.719, conforme fontes divergentes —, a previsão é de mais de 300 mil novos atendimentos. Isso significa órteses, próteses, sessões de fisioterapia, exames, adaptações de moradias e, principalmente, acesso a tecnologias que antes só existiam em hospitais privados.A instituição já investiu R$ 120 milhões em seu parque tecnológico nos últimos cinco anos. Hoje, suas oficinas usam impressoras 3D para criar dispositivos ortopédicos sob medida — algo que reduz o tempo de espera de meses para dias. E o mais surpreendente? O custo caiu 60%. “Nós não estamos só tratando corpos. Estamos devolvendo autonomia”, diz Silvia. “Uma criança que pode correr no parque, um idoso que volta a tomar banho sozinho — isso é o que move a gente.”
Um auditório que carrega o nome de um sonhador
Durante a abertura da maratona, foi inaugurado o Auditório Silvio Santos, na sede da AACD. Um gesto simbólico. Silvio Santos, fundador do SBT e um dos maiores apoiadores do Teleton desde sua primeira edição em 1998, faleceu em 2023. Mas sua presença foi sentida em cada cena. “Ele acreditava que a televisão não era só entretenimento. Era ferramenta de transformação”, lembrou Silvia Alves Paz. O auditório, com capacidade para 400 pessoas, será usado para eventos de capacitação de profissionais de reabilitação de todo o Brasil — um legado que vai além das telas.
Parceiros que acreditam no mesmo futuro
A campanha contou com o apoio de grandes marcas: Assaí Atacadista, Banco Bradesco S.A., iFood, Riachuelo, RD Saúde e Cacau Show. Mas o que impressiona não é o número. É o compromisso. Muitos desses parceiros não apenas doaram dinheiro. Ofereceram logística, tecnologia, divulgação. O iFood criou uma campanha interna que mobilizou 500 mil entregadores. O Bradesco ofereceu isenção de taxas em todas as doações por PIX. Isso é colaboração real.O que vem depois da maratona?
Ainda que a transmissão tenha terminado, as doações não. A AACD mantém abertos dois canais permanentes: PIX para [email protected] e o telefone (11) 9 4311-0144. “Não queremos que a solidariedade seja só de dois dias por ano”, afirma Silvia. “Queremos que ela seja um hábito.”A instituição, que já realizou 70 milhões de atendimentos em 75 anos, não planeja parar. Em 2026, a meta é expandir o programa de reabilitação domiciliar para 15 novas cidades — especialmente no Norte e Nordeste, onde o acesso a especialistas é escasso. E há planos de criar um aplicativo de acompanhamento de pacientes, com suporte em português, inglês e línguas indígenas.
75 anos de resistência
A AACD nasceu em meio ao pânico da poliomielite. Hoje, enfrenta outro desafio: a desigualdade. Milhões de brasileiros ainda não têm acesso a cadeiras de rodas adequadas, órteses ou fisioterapia. E, apesar de todos os avanços, o SUS ainda não consegue cobrir 30% das necessidades básicas de reabilitação. O Teleton não é uma solução definitiva. Mas é uma prova viva de que, quando a sociedade se une, o impossível vira possível.Frequently Asked Questions
Como os recursos do Teleton 2025 serão usados?
Os R$ 37,2 milhões arrecadados financiarão mais de 300 mil atendimentos especializados, incluindo órteses, próteses, fisioterapia, exames e adaptações de moradias. Parte dos recursos também será destinada à aquisição de equipamentos de alta tecnologia, como impressoras 3D para produção de dispositivos ortopédicos personalizados, e à expansão do programa de reabilitação domiciliar para regiões remotas.
Quem são os pacientes-símbolo da campanha e por que eles foram escolhidos?
Estela Botaro (10 anos), Diogo Lima (38) e Ponciano Santana (77) representam as três gerações atendidas pela AACD. Estela, nascida com deficiência motora, usa órteses impressas em 3D; Diogo, vítima de acidente, voltou a andar após reabilitação intensiva; Ponciano, idoso, é um exemplo de resistência e dignidade. Eles foram escolhidos para mostrar que a instituição não discrimina por idade, causa ou origem.
Como a AACD mudou desde a década de 1950?
Iniciada como resposta à epidemia de poliomielite, a AACD hoje atua com tecnologia de ponta: manufatura aditiva, digitalização de processos e inteligência artificial para planejamento de reabilitação. Além disso, expandiu de um único hospital para sete centros de reabilitação, cinco oficinas ortopédicas e um programa nacional de inclusão social, atendendo pessoas com deficiência de qualquer origem — não apenas crianças.
Por que o SBT é tão importante para o Teleton?
O SBT é o único canal de televisão aberta que mantém o Teleton como evento anual desde 1998. Sem sua estrutura de transmissão, alcance nacional e equipe dedicada, a campanha não teria o impacto que tem. Silvio Santos, fundador da emissora, foi um dos principais defensores da causa — e o auditório inaugurado em 2025 é um tributo a ele.
Posso doar fora do período da maratona?
Sim. As doações continuam abertas o ano todo pelo PIX para [email protected] ou pelo telefone (11) 9 4311-0144. A AACD incentiva doações recorrentes, pois garante planejamento e sustentabilidade para os atendimentos. Qualquer valor, por menor que seja, contribui para transformar vidas.
Quais são os próximos passos da AACD após o Teleton 2025?
Em 2026, a instituição planeja expandir o programa de reabilitação domiciliar para 15 novas cidades, principalmente no Norte e Nordeste. Também está desenvolvendo um aplicativo de acompanhamento de pacientes com suporte em português, inglês e línguas indígenas. O objetivo é garantir que ninguém fique para trás, mesmo longe dos centros urbanos.